Para uma planta ser
considerada carnívora, é preciso que ela seja capaz de atrair, prender e
digerir formas de vida animais, em especial os insetos. A grande maioria das
flores tem a capacidade de atrair os insetos para fins de polinização, algumas
chegam até a prendê-los para garantir a polinização. Há controvérsias, visto
que existem algumas plantas que apresentam algumas destas características
acima, porém não todas. Alguns autores e estudiosos as consideram carnívoras e
outros não. Portanto, não há um total consenso sobre algumas espécies de
plantas em relação às suas classificações como carnívoras legítimas ou não.
Existem diversas plantas que
demonstram algumas destes caracteres, mas não todas. Como exemplo, temos Darlingtonia
e Heliamphora que aparentemente não produzem enzimas para a digestão de suas
presas, assim dependendo da ação de bactérias e fungos que é lenta para
absorver nutrientes. Porém suas folhas intensamente especializadas (ascídios)
não deixam dúvidas que estas são carnívoras.
Em certos casos, pressupõe-se que
certas plantas não são carnívoras. Como a do pequeno gênero Byblis, denominada à
planta do arco-íris, que embora capturem grande quantidade de insetos com suas
folhas colantes, parece que não produzem enzimas para digeri-los. Do mesmo modo,
a absorção dos nutrientes ocorre a partir dos excrementos de outros insetos,
que se alimentam das presas, mas nunca ficam presos nas folhas. Trata-se de uma
relação de comensalismo entre estas carnívoras e os insetos imunes às
armadilhas.
Há o caso das bromélias
Brocchinia e Catopsis, que por alguns autores são consideradas carnívoras
basicamente por parecer que capturam muito mais insetos que outras bromélias.
Na verdade, todas as bromélias capturam e matam muitos invertebrados por
acidente.
Mais um caso é o da Ibicella e
Proboscidea, que possuem glândulas colantes, capturam muitas presas, não
produzem enzimas digestivas, e não abrigam os insetos que se alimentam das
presas e defecam nas folhas. Fica meio difícil definir ao certo se são
carnívoras, porque as glândulas colantes estão presentes em uma infinidade de
plantas - acredita-se que tenham o propósito de defesa. Por exemplo, o Plumbago
possui essas glândulas na face exterior de suas sépalas, o que supostamente
impede que formigas e outros insetos roubem o néctar e pólen das flores,
deixando-os para os verdadeiros polinizadores (insetos voadores).
Alimentação
As plantas carnívoras podem se
alimentar desde moscas, lesmas e aranhas, até passarinhos e sapos. Mas essas só
as que são muito grandes. Para atrair as suas presas, a planta tem cheiros e/ou
cores que chamam a atenção dos animais que caem em suas armadilhas. Algumas
plantas carnívoras tem uma substância que faz com que a mosca (ou outro animal)
fique um pouco pegajoso, para que seja mais fácil capturá-lo. Temos também um
tipo de planta carnívora que parece com um vaso cheio de líquido, assim, quando
o animal vai para se refrescar, ele é pego pela planta.
Movimentação
Todas as plantas possuem alguma capacidade de se movimentar. Mas plantas
carnívoras se movem extremamente rápido se comparada com outras plantas. Já que
plantas não possuem tecido muscular. Plantas carnívoras usam dois principais
mecanismos de movimento. O primeiro tipo de movimento é aquele utilizado por
papa-moscas para fechar suas armadilhas. Ele envolve mudanças na pressão da
água. Quando a armadilha é “acionada através dos pelos” sensitivos, as células
da parede interna da armadilha transferem água para as paredes externas, tornando-se
essencialmente flácidas.Isto faz com que as folhas se fechem. O segundo tipo de movimento é
produzido pelo crescimento das células - os "tentáculos" da drósera
curvam-se sobre a presa porque em um dos lados do "tentáculo" as
células crescem mais do que do outro lado.
Mas movimentos rápidos não são restritos as plantas carnívoras, existe o
caso da Mimosa, como já citado anteriormente, e nem todas plantas carnívoras
possuem movimentos rápidos. Muitas (como as jarrinhas) capturam as presas
devido a forma de vaso de suas folhas, nas quais os insetos caem e ficam
presos, mas a planta não se move.
Armadilhas
Há vários tipos de armadilhas
utilizadas pelas plantas carnívoras para capturar suas presas:
- Jaula: São as mais famosas por ser a própria representação da ação
carnívora por meio de vegetais! As folhas são divididas em duas partes, como se
fosse uma boca, com gatilhos no interior. Ao ser tocado pelo inseto, o gatilho
aciona um mecanismo que fecha as metades da folha em incríveis frações de
segundo. Elas só voltam a se abrir após as enzimas terem digerido o animal. Ex:
Aldrovanda.
- Sucção: São utilizadas por todas as espécies de Utricularia, pois elas
vivem submersas em água doce ou brejos. Essas espécies possuem pequenas
'bolsas' (utrículos), cada qual com uma minúscula entrada cercada por gatilhos
que quando estimulados provocam a abertura dessa entrada. Em razão da diferença
de pressão entre o interior e o exterior da 'bolsa' quando a entrada é
repentinamente aberta, tudo ao redor é sugado para dentro, incluindo a presa
que estimulou o gatilho. Ex: Utricularia.
- Folhas Colantes: São as mais simples e encontradas em algumas famílias
sem parentesco próximo. Basicamente, são glândulas colantes espalhadas pelas
folhas ou até pela planta toda. As presas são, na maioria das vezes, pequenos
insetos voadores. Ex: Byblis.
- Ascídios: São folhas altamente especializadas, inchadas e ocas, que se
parecem urnas ou jarras, com uma entrada no topo e um líquido digestivo no
interior. Também podem estar presentes em algumas famílias sem parentesco
próximo. Capturam desde pequenos vertebrados até minúsculos invertebrados. As
presas caem no líquido digestivo, ali se afogam e são digeridas. Seus restos se
acumulam no fundo, às vezes enchendo a armadilha até o topo. Ex: Nepenthes.
Digestão
A digestão ocorre com o auxílio
de enzimas digestivas, denominadas proteolíticas (enzimas que digerem
proteínas). Sabendo também que essas plantas possuem enzimas que desempenham um
papel bactericida e fungicida, compreendemos que o processo de digestão nestas
espécies é lento e naturalmente, caso não houvesse tais moléculas, ocorreria
uma disputa entre a planta e estes decompositores. Assim, o complexo de enzimas
presente nessas plantas permite a preservação e digestão do alimento até que
seja, de fato, consumido. Após a absorção dos nutrientes, o exoesqueleto e
materiais não digeridos são eliminados e levados pelo vento ou água das chuvas.
Temos exceções de certas espécies,
que não produzem suas próprias enzimas, e que dependem de bactérias para a
digestão de suas presas, um processo bem mais lento.
As plantas carnívoras são plantas meio animal, meio vegetal, e como quaisquer
plantas, realizam fotossíntese. As pressas são apenas complemento alimentar,
para que possam ter uma fonte de nutrientes para ressarcir o que as raízes não
conseguem absorver do solo.
Habitat
As plantas carnívoras crescem em
solos pobres em nutrientes. A maioria, em solos encharcados, de pH baixo
(ácido), às vezes pedregosos.
Reprodução
Plantas carnívoras possuem o
mesmo ciclo de vida das plantas com flores (angiospermas). Seu ciclo é o
seguinte:
- A semente germina.
- A planta cresce até a "maturidade".
- Algumas levam menos de um ano, mas outras levam vários anos. As Papa-moscas
levam cerca de quatro anos para começar a produzir flores.
- A planta floresce.
- A planta é polinizada, por insetos ou vento, originando uma semente. A
semente cai no chão. Ou invés de florir, a planta pode também se reproduzir vegetalmente
(assexual).
Por exemplo, a papa-moscas ou outras carnívoras geralmente produzem
pequenos plantas extras na base da planta principal. E essas crescem.
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